quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Diferenças de atitude


Esta semana as associações de Delegados e Peritos da Polícia Federal entraram com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade questionando as atribuições da Polícia Rodoviária Federal. Com essa iniciativa a PF tenta atingir não só a PRF como também os Ministérios Públicos(Federal e Estadual).
Os Delegados buscam primordialmente minar os poderes investigativos do Ministério Público, que passou a utilizar a PRF como instrumento operacional. Na prática, os Procuradores investigam sem o intermédio dos Delegados, e os PRF´s passam a atuar operacionalmente de forma equivalente aos agentes. Neste ponto a PF sente-se duplamente atingida: O MPF tem conduzido com sucesso várias operações, e a PRF, até então desprezada como mera polícia de trânsito, se mostrou extremamente eficiente na área operacional, a ponto de criar ciúmes em sua co-irmã do Ministério da Justiça.
Quem participou, por exemplo, da recente operação Boa Viagem pôde comparar a capacidade operacional de cada uma. Ufanismos à parte, os homens da Polícia Rodoviária Federal demonstraram que não ficam atrás de ninguém quando o assunto é organização e execução de missões operacionais. O que foi cabalmente demostrado também no Pan do Rio de Janeiro.
A qualificação dos nossos operacionais também chamou a atenção de outros órgãos como IBAMA e o Ministério Público do Trabalho, e hoje a PRF passou a ser requisitada também em várias operações fora de rodovia, como podemos citar a título ilustrativo as de combate aos crimes ambientais e o trabalho escravo. Esse crescimento da antiga polícia de trânsito rapidamente provocou a ciumeira alheia, afinal ninguém gosta de perder poder e espaço, por mais vago que esteja...
Neste ponto chegamos a uma contradição fundamental: A mesma PRF que cresceu em alguma áreas, também permitiu que outras instituições ocupassem espaços que deveriam ser dela. O exemplo mais evidente é o da Força Nacional, um remendo criado pelo Governo Federal que a cada dia cresce e se estabelece.
Ao contrário da PF, nosso sistema sindical se calou. Desconheço qualquer iniciativa jurídica da FENAPRF contra a Força Nacional. A imagem que fica é que, se houver possibilidade de divergência com o governo federal, nossa federação prefere silenciar e evitar o confronto. Neste ponto nos enfraquecemos, porque deixamos de ser protagonistas para sermos apáticos coadjuvantes do MJ, esperando sempre o que sobra das outras instituições.
A ADPF e a FENAPEF se comportam como tigres ao defenderem seu território, a FENAPRF como um gatinho manso e acomodado.

Um comentário: